Encontro aberto do Grupo de Animação Comunitária

Local: Campo de Ourique, Lisboa
Data: 22.10.2021

No dia 23/10/2021, o Grupo de Animação Comunitária (GAC) realizou um encontro aberto na Padaria do Povo, em Campo de Ourique, Lisboa, entre as 10h30 e as 16h, encontro este que se integrou na Jornada de Memória e Esperança 2021.

Apresentação
O GAC é um grupo informal e autónomo, nascido no âmbito da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), em 1992, constituído por profissionais de saúde e de outras áreas, e aberto também a outras pessoas interessadas nos processos de conscientização e praxis, focados na partilha de experiências e na construção conjunta de caminhos para o desenvolvimento das pessoas e comunidades.

Nos últimos anos, o GAC vinha realizando 2 a 3 encontros por ano, mas suspendeu a sua atividade no início do ano 2020, em virtude dos constrangimentos resultantes da pandemia COVID-19. Decidiu agora retomar as suas iniciativas, através de um encontro com o objetivo de
refletir e debater sobre o impacto da pandemia nas nossas vidas e o que está ao nosso alcance fazer para construirmos um futuro melhor.

O “CampOvivo”, associação com sede na Padaria do Povo, que tem vindo a articular-se com o GAC nos últimos encontros efetuados, associou-se mais uma vez a esta iniciativa. Participaram presencialmente 17 pessoas, e ainda mais 5 pessoas por Videoconferência. Fez-se gravação do encontro (disponível aqui). A conversa decorreu informalmente, tendo como ponto de partida as situações vivenciadas por todos e todas que quiseram partilhar aquilo que mais os tinha tocado. À medida que as pessoas intervinham, tentou-se ir registando, num papel afixado numa parede, os principais tópicos, agrupando as dificuldades, sofrimentos e principais limitações sentidas, e agrupando também as aprendizagens, as experiências e sentimentos
positivos que iam sendo relatados.

Após o intervalo para almoço, retomou-se a conversa, apontando-se mais para o que está ao nosso alcance fazer no espaço em que vivemos, com as nossas relações familiares e comunitárias.

RELATO-SÍNTESE DAS INTERVENÇÕES

Ideias e sentimentos negativos vivenciados e partilhados:
– Luto, solidão, perdas, tristeza, sofrimento…
– Incapacidade para satisfazer necessidades essenciais, por falta de meios de apoio;
– Idosos e crianças sem o afecto de que necessitam;
– Deficits dos serviços em relação ao trabalho comunitário e domiciliário;
– Insegurança em virtude das contradições e falta de clareza em algumas mensagens
transmitidas ao público em geral;
– Burnout dos profissionais.

Ideias e sentimentos positivos vivenciados e partilhados:
– em relação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente em situações de
internamento hospitalar , foi muito valorizada a boa qualidade dos cuidados e da atenção /acolhimento, bem como o grande empenhamento dos profissionais de saúde, sem discriminação face a todos os doentes;
– os médicos e enfermeiros de saúde pública presentes consideraram que a pandemia fez emergir da invisibilidade um conjunto de “realidades escondidas”, como Lares de Idosos ilegais, pensões ilegais e alojamentos clandestinos, sem as condições logísticas mínimas exigidas, e com trabalhadores imigrantes sem documentação. Valorizou-se também o facto de todas as pessoas abrangidas por estas situações terem sido inscritas e contempladas com os cuidados e tratamentos de que necessitavam, e assinalou-se que, em geral, se foi reforçando a cooperação entre os profissionais dos diferentes setores (saude, apoios sociais, educação, proteção civil, autarquia etc) em relação a dar uma boa resposta às necessidades dos doentes e suas famílias.

Propostas, perguntas e descobertas
– Elevado grau de consciência da população portuguesa em relação à importância da
vacinação;
– Cada vez é mais importante haver apoio aos cuidadores formais e informais, valorizando seu estatuto e promovendo a sua formação;
– Todos somos agentes de saúde pública? A saúde pública só pode ser feita com o povo e não contra a população;
– O que está ao nosso alcance fazer, na comunidade onde vivemos, face às “pessoas e
territórios invisíveis”?
– Fazem falta Comissões de Utentes do SNS, Associações de Moradores, Grupos de Vizinhos, iniciativas da comunidade em articulação com a autarquia, por exemplo, para a animação e aproveitamento de espaços públicos comuns, acompanhamento e apoio de pessoas idosas e sós, desenvolvimento de laços sociais entre gerações, em cooperação com outros serviços da comunidade, como a Junta de Freguesia, as escolas, etc.
– Foram partilhadas algumas experiências que a Associação CampOvivo tem desenvolvido com outras entidades locais(Escola, Biblioteca, etc) .

Carta de José Maria Belo aos participantes do encontro

“Querido GAC,

Peço desculpa pela minha ausência presencial mas estou on-line.

Saúdo a nossa volta, ter gente à nossa volta que nos mostra caminhos diferentes ajuda a mantermos a coragem para continuar a caminhar a andar (palavra importante a sublinhar), a ANDAR.

O Coronavírus foi uma forma de abrandar e perceber a necessidade uns dos outros, a Natureza a demonstrar que somos demasiados e vivemos mal: dando demasiado valor ao EGO do bicho humano.

O baile de máscaras passou (há uma relutância em tirar o disfarce – valentia vs descontração vs medo) pelo menos (não se sabendo do futuro) baixou o nervosismo…

Vendo por um lado muito pessoal, as terapias (fisioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional e hidroterapia) tiveram pausa e se o isolamento era um estado normal ganho pelo acidente, houve um nivelamento e o isolamento passou a ser geral, no meu caso, até para passar até as terapias, ganhei um salvo conduto a alguns espaços… os deficientes estão habituados, sendo eu um privilegiado!

O Coronavírus pôs-nos à prova e ao viver em sociedade e demos provas de interdependência resiliente e apesar de tudo, podia ter sido muito pior, bem pior!

JÁ PASSOU o pior?, pergunto.
O pior sim!, respondo!

Um vosso,

José M. BELO (para o GAC Zé Maria…)

www.brincadeirices.blogspot.com

Devemos fazer com que a boa disposição e a alegria se arrastam e expandam, vivam em nós! 😉
‘e neste assunto das pessoas, amá-las é que é bom!’ (Herberto Hélder n’Os Passos em Volta)

O mistério é só esse: é que afinal a fruta amadurece! (Herberto Hélder)”

 

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